Me guarda um cafuné
e aquele teu café,
pois quero um dia voltar.
Não sei como e nem quando,
mas deixo no peito o encanto
que tu fizeste despertar.
Deixa minha xícara emborcada,
deixa uma cadeira sobrando à mesa
e deixa de lado essa tristeza,
pois tudo há de passar.
Guarda com gosto a alegria,
o momento em que a fantasia
se deu da razão, que um dia
cansou de pensar.
Guarda a lembrança do cheiro,
entre cigarros, café e rum.
Eu guardarei o teu sorriso
como em mim entalhados, frisos,
e tuas manias de contar
meus sinais um a um.
Deixa lá a escrivaninha
em que escrevi meus poemas
enquanto tu me olhavas
com admiração.
Cuida bem dela,
que entre poemas
e teus beijos
nos serviu de colchão.
Guarda o ouriçar
da tua pele ao nosso toque
e eu guardo aquele galope,
que como amazonas
mostrastes a mim.
Guarda a nossa virtude
que nem nos tempos
de mocitude se viu
tantas labaredas assim.
Eu vou ter que partir
sim, eu escolhi ir
e você tendo que desistir
escolheu deixar,
mas ouça:
é tão importante abrir mão,
que sufocar em uma prisão
os sonhos que não condizem
com o meu e o teu ficar.
Há um mundo
em que a gente
pode ser feliz.
Amados e nus
como nos
prometemos um dia.
Eu nos guardarei
em meu verso
para que não
me torne perverso
em toda minha poesia.