Entrou no trem em busca de um rumo
Invejou aquele que anda em linha reta
A vida tornou-se um padrasto severo
E o seu coração uma moça modesta
Num ruidoso, veloz
e incansável vai e vem eterno
por dentro parado
por fora movia-se
o Eremita moderno
Melancólica, a chuva caía
e seu rosto a via
grudado na janela
Em algum momento
convenceu-se que sem ele
a cidade tornara-se mais bela
Em cada estação uma pausa
uma pausa na respiração
Onde então desceria?
Por onde recomeçaria?
Quem sabe uma nova vida?
Quem sabe uma nova estação?
Desceu no fim da linha
o trem ruidoso partindo
com ele o Eremita ficava
voltava o Louco sorrindo
Para a vida injustificável
para a tarde de um outro domingo
para os braços do padrasto envergara
a tempestade passara
morrera um homem
nascera um menino